Vimos a público manifestar a indignação diante da execução covarde de Marielle Franco.
Mulher, negra, nascida na favela, – que de maneira improvável para o destino selado para essa população em nosso país,- teve uma carreira acadêmica e política que se destacou por seus atos decididos, chegando a ser a quinta vereadora mais votada na cidade do Rio de Janeiro nas últimas eleições.
Marielle presidia a Comissão da Mulher e era a relatora da comissão que deve acompanhar a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Defensora dos direitos humanos e da cidadania, militava em várias frentes em favor da igualdade social, de raça e de gênero; desde o direito mais básico que é o direito à vida, ameaçado desde sempre entre as minorias, e nos últimos tempos mais ainda, pelas políticas de segurança adotadas na cidade do Rio de Janeiro, as quais repudiamos.
As palavras faltam para qualificar essa mulher sem igual, sua biografia marca uma diferença absoluta que a faz única, marca um antes e um depois de sua passagem pela vida breve. Sua morte revela um coletivo que clama sobretudo por justiça e dignidade social, sem as quais uma existência individual não tem sentido.
Marielle não é “apenas” mais uma mulher brutalmente assassinada, que vem a engrossar as lamentáveis estatísticas em nosso país. A Vereadora Marielle Franco era de fato e de direito representante do povo brasileiro, homens ou mulheres, negros ou não, mais ou menos pobres. A sua execução viola os direitos humanos, viola os seres humanos, viola cada brasileiro, viola cada mulher, viola nossa dignidade.
Este crime, em si mesmo gravíssimo, torna-se ainda mais grave em tempos em que nossos princípios democráticos tem sido constantemente usurpados, e não somos indiferentes ao fato de que ocorre justamente em ano de pleito eleitoral.
Marielle despediu-se das mulheres na Casa das Pretas na Rua dos Inválidos onde mediava o evento “Jovens Negras Movendo as Estruturas” pouco antes de morrer, dizendo:
“Sair daqui com o corpo, com o coração e com a mente fortalecidos para as batalhas que virão”.
Seguimos sem esquecê-la.
São Paulo, 17 de março de 2018
Comissão de Gestão do FCL – SP 2017-2018
Beatriz Helena Martins de Almeida
Daniele Guilhermino Salfatis
Rafael Rocha Daud
Sheila Skitnevsky Finger